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Prevenção do câncer de mama: uma visão diferente

Apesar de outubro ser o mês mundialmente conhecido pela importância da conscientização da prevenção do câncer de mama, algumas questões surgem atrás de toda a mobilização e mídia.

  1. Por que outubro? Não poderia ser todos os meses?

  2. Por que a disponibilidade das pessoas, o interesse da mídia e dos órgãos competentes não pode ser diário? Um incentivo!

  3. Por quê o diagnóstico do câncer de mama no Brasil tem ocorrido tardiamente?

  4. Por quê o número de pacientes jovens com câncer de mama tem crescido?

  5. Por que a população está tão doente quando olhamos pra nossa saúde?

A resposta para todos essas perguntas seria apenas má gestão pública? O intuito desse texto não é falar sobre política, não é criticar os meses comemorativos (outubro rosa/setembro amarelo/novembro azul) nem as ações sociais. Mas, pensando justamente na saúde brasileira como um todo, precisamos ir além dos meses temáticos!

O câncer de mama no Brasil é uma doença de saúde pública que tem crescido assustadoramente e, apesar de ter tratamento eficaz, capaz de curar, são poucas as pacientes que conseguem.

Câncer de mama: Brasil vs Estados Unidos

Eu pude acompanhar o Dr. Armando Giuliano por um mês (setembro/2019) e, ao comparar o Brasil (hospitais de referência pra câncer de mama) e Estados Unidos (hospital de referência no tratamento em Los Angeles), vemos a disparidade nos casos de câncer de mama e no seu diagnóstico inicial, seu tratamento e na taxa de cura do mesmo!

“Ah, mas é impossível comparar Brasil com Estados Unidos!” Sim! Com certeza existem muitas diferenças entre esses dois países, como política, economia e outras, que afetam diretamente a saúde. Mas, passar um mês nesse Hospital em Los Angeles me gerou muitas reflexões aos quais gostaria de compartilhar com vocês!

  1. Temos os mesmos aparelhos de imagem , com qualidade equiparada!

  2. Nossas condutas frente ao câncer de mama (diagnóstico e tratamento) são as mesmas.

  3.  As medicações e os exames genéticos são os mesmos, a diferença está na disponibilidade. No Brasil esses exames apresentam um alto custo, neste hospital dos Estados Unidos também, mas as pacientes conseguem pagar.

  4. Nossos médicos são atualizados e tão capacitados quanto os médicos deste hospital.

Aonde está o erro? Mesmo que as afirmações acima quanto a equipamentos/aparelhagem médica não sejam uma realidade em todos os hospitais brasileiros, o que há de tão diferente?

Alimentação diferente? Qualidade de vida? Talvez para essas respostas seria necessário um estudo comparativo. Mas, comparando a maioria dos casos, cerca de 80% dos atendidos na consulta de primeira vez (nos EUA) possuíam lesão impalpável, câncer de mama inicial, enquanto a realidade no Brasil é uma proporção de dez pacientes com câncer de mama avançado num total de 15 atendidas numa manhã.

Enquanto vemos todos os dias tumores avançados que ulceram e deformam a pele, nos EUA nenhuma paciente apresentou (em um mês de visita!) uma lesão tão agressiva ou grande que pudesse alterar a pele da mama. Com isso, conseguimos refletir sobre possíveis soluções para o câncer de mama no Brasil.

Existe uma questão  cultural no Brasil que precisamos vencer. Muitas mulheres dizem “quem procura acha”, “tenho medo de achar câncer”, “sou muito nova e isso não é pra mim”… Devido aos desfechos ruins que temos, muitas pessoas acham que não há solução e preferem deixar pra lá, a ponto de procurarem ajuda apenas quando não conseguem mais andar (metástase?) ou a mama está sangrando e doendo (câncer de mama avançado!).

De maneira nenhuma estou negligenciando a dificuldade de acesso a exames, mas precisamos desconstruir essas crenças. “A primeira atitude para mudança é ter a responsabilidade de olhar para si!” (Remo Pereira Di fazio).

É necessário conscientizar

Apesar de todos os vieses, podemos responder alguns questionamentos. O que temos ou podemos fazer para mudar esse quadro?! Acredito que, apesar de todas as nossas dificuldades ( política/economia/gestão pública) com a saúde, nosso trabalho precisa começar antes de outubro! Ele precisa ser diário!

Precisamos investir em prevenção. Não podemos aceitar diagnósticos tardios! Acredito que, se disseminarmos a conscientização do autocuidado e a informação “Ei, mulher, não tenha medo! Câncer de mama tem cura. Vamos lutar, vamos prevenir, vamos nos atentar”, já estaremos ajudando muito e em outubro teremos mais pessoas conscientizadas.

A partir daí, nosso trabalho será, de alguma forma, viabilizar o acesso dessas pacientes à mamografia, biópsia e início do tratamento.

Fonte: PebMed

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