Denise Vicentin, de 53 anos, não consegue conter a emoção ao se olhar no espelho. Após perder um olho e parte da mandíbula por conta de um câncer agressivo ela ganhou um novo rosto graças a um projeto pioneiro no Brasil.
Apesar das dificuldades para comer e falar, o principal desafio, no entanto, era o convívio com outras pessoas. Ela já chegou em lugares públicos, como no boliche, e sentiu olhares repugnantes. Com isso, acabou se retirando do local.
Denise é uma das primeiras beneficiadas por uma iniciativa que tenta amenizar o sofrimento de quem sobrevive à doença, mas convive com as marcas no próprio corpo.
Cientistas da Universidade Paulista estão usando smartphones e impressoras 3D para criar impressões faciais digitais, usadas para fazer próteses de silicone.
Um dos criadores da técnica, o médico Rodrigo Salazar, afirma que o método reduziu os custos e cortou pela metade o tempo de produção do material. “Agora, com fotos de um telefone celular conseguimos fazer um fluxo completo de trabalho. Imprimimos uma foto 3D e transformamos-a na prótese final.”
Segundo Rodrigo Salazar, o uso de uma tecnologia avançada não depende necessariamente de grandes investimentos. O processo para fazer a prótese final usada em Denise levou apenas 12 horas.
A diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Aline Lauda, acredita que o método possa alcançar mais pacientes em breve.
“Eu faço um paralelo com paciente com câncer de mama submetidos a mastectomia. Atualmente a cirurgia é paga tanto pelos convênios quanto pelo sistema publico. Com o passar do tempo o governo poderá entender a importância dessas próteses.”
A oncologista afirma, ainda, que as próteses representam um ganho tanto para a autoestima do paciente, quanto para a reinserção dele na sociedade.
A jornada de Denise ainda não terminou, agora ela precisa de tratamento para restaurar a mandíbula e o lábio superior. Mas, por enquanto, Denise só tem motivos para sorrir. “Hoje eu posso dizer o quanto é melhor andar na rua, não tem nem explicação.”
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