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Rastreamento de câncer de mama tem que começar aos 40 anos

Neste mês de conscientização sobre o câncer de mama, o Outubro Rosa, o Jornal da USP no Ar destaca a preocupação com a ineficácia do rastreamento da doença no País. Estudo recente, realizado no Brasil, aponta que a busca em tornar a cirurgia de câncer de mama menos mutilante pode estar aumentando a ocorrência de sobra de tecido mamário após a operação, o que eleva o risco de recidiva do tumor. A fim de esclarecer esses pontos, o Jornal conversou com José Roberto Filassi, chefe do Setor de Mastologia da Divisão de Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina (FM) da USP.

A Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS), a mais recente disponível no Brasil, aponta que 3,8 milhões de mulheres de 50 a 69 anos nunca realizaram mamografia, o que corresponde a 18,4% da população feminina nessa faixa etária. Atualmente, o Ministério da Saúde orienta que a prevenção seja feita por mamografia a partir dos 50 anos e repetida a cada dois. Filassi esclarece que essa recomendação parte da observação do que é feito nos Estados Unidos e nos países da Europa Central.

No entanto, o médico conta que há diferenças consideráveis na incidência do câncer de mama entre o Brasil e esses países. “O porcentual de pacientes jovens (com câncer de mama), isto é, com menos de 50 anos, está entre 35% e 40% no Brasil. Nos países desenvolvidos, esse porcentual é de 20%”. Isso significa que o País precisa formular seus próprios parâmetros de rastreamento, e não importar de outros lugares. O chefe do Setor de Mastologia informa que se recomenda a mamografia a partir dos 40 anos de idade.

Já o tratamento de câncer de mama, hoje, restringe-se à cirurgia, quimioterapia e radioterapia. “A cirurgia é o tratamento local”, conta o médico, e segue: “A quimioterapia é o que podemos chamar de tratamento sistêmico, ela trata a doença no organismo. A radioterapia é outro procedimento local”. Filassi deixa claro que, “quanto mais precoce for diagnosticado o câncer, menor é a agressão cirúrgica e quimioterápica”.

Há 30 anos, o tratamento mais usual era uma mastectomia mutilante, radical, que removia toda a mana. Depois, veio a ideia de se preservar a mama. Com o avanço da cirurgia plástica, a reconstrução de mama ganhou corpo. Ao mesmo tempo, a própria mastectomia foi evoluindo, mutilando cada vez menos. “Existe uma técnica cirúrgica que vem sendo desenvolvida há cinco, sete anos, que preserva toda a pele, aréola e o mamilo”. Agora, apenas o tecido mamário é retirado.

Filassi explica que o estudo que apontou que a ocorrência de sobra de tecido mamário após a operação aumenta risco de recidiva do tumor foi feito com ressonância, após o tratamento cirúrgico de inúmeros profissionais. O médico diz que, se após a cirurgia for deixado 30% do tecido mamário, naturalmente haverá recidiva da doença. No entanto, não é isso o que acontece. “O bom cirurgião deixa algo em torno de 5% do tecido”, relata Filassi.

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